Existem dois subtipos de anorexia nervosa.
O primeiro é um tipo de restrição caracterizada pelo jejum ou exercícios excessivos.
O segundo é o tipo TCAP com purga, em que o indivíduo ingere a comida normalmente em pequenas quantidades, para depois remover o alimento do organismo com o auxílio de laxantes, diuréticos, enemas ou vômitos autoinduzidos. Mulheres com anorexia nervosa restritiva tendem a ter altas taxas de TCAP.
A necessidade de controlar a ingestão de alimentos coincide com a rigidez e o perfeccionismo característicos desse transtorno de personalidade.
TOC parece ser específico para portadores de ambos os tipos de anorexia nervosa, e pode haver uma razão biológica para isso. De acordo com Dr. Lilenfeld, ambos os transtornos estão associados a níveis elevados de serotonina, um dos neurotransmissores associados, cujo indício e frequência nas sinapses, está associado à ansiedade e à depressão (tanto sintomática quanto patológica, em uma ou mais doenças).
Outra razão para essa conexão pode ser que, como o TOC, a natureza obsessiva do transtorno alimentar coincide com a natureza do transtorno de ansiedade.
A ansiedade normalmente se manifesta por primeiro na infância, enquanto o distúrbio alimentar geralmente ocorre na adolescência.
Transtornos de ansiedade social e transtornos de pânico também são prevalentes em mulheres com anorexia nervosa, embora o Transtorno do Pânico geralmente se manifeste após o início do transtorno alimentar.
Como mencionado acima, a ansiedade sobre situações sociais não é incomum em mulheres anoréxicas.
Bulimia nervosa e síndrome de estresse pós-traumático
No Estudo Nacional da Mulher, em 2002, na Universidade da Pensilvânia, mais de 3000 mulheres foram questionadas sobre suas histórias de agressão física e sexual, com diagnóstico de TEPT, transtorno do estresse pós-traumático, e ambos bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar (TCAP) foram correlacionados. Verificou-se índices muito maiores de agressão física e sexual em mulheres que haviam desenvolvido bulimia nervosa.
Na maioria das mulheres com bulimia, o desenvolvimento de TEPT antecedeu o transtorno alimentar, e isso sugere que a vitimização contribuiu para o desenvolvimento do transtorno alimentar.
As chances de desenvolvimento de bulimia nervosa são maiores para mulheres com TEPT, mesmo que o trauma resultante no TEPT seja oriundo de agressão. De fato, mesmo quando o TEPT é diagnosticado e tratado, essas mulheres correm maior risco de desenvolver bulimia nervosa do que as mulheres que não tenham sido previamente agredidas e, na sequência, desenvolveram o TEPT.
Não está claro se o transtorno alimentar é uma resposta ao elevado nível de ansiedade em pessoas que sofrem de TEPT. De acordo com Timothy Brewerton, médico da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, um dos principais pesquisadores do Estudo Nacional da Mulher, em oposição à purga, parece ser o comportamento chave ligado a TEPT. Uma explicação para isso de acordo com o pesquisador, é que o ato de purgar tem um efeito anestesiante, e muitos pacientes bulímicos relatam que se sentem mais relaxados e menos ansiosos após a purga.
Embora muitas pesquisas foquem em mulheres com bulimia que sofreram trauma sexual na infância, tendo elas TEPT ou não, é claro que as mulheres que têm TEPT a partir de qualquer tipo de trauma (por exemplo, agressão agravada, abuso emocional ou luto) têm um maior risco para desenvolver a bulimia nervosa, principalmente por trauma sexual ocorrido na infância.